Sob a visão do lobo

– Que episódio foda! – Foi o que eu disse quando terminei de assistir o último episódio de The Walking dead (06×04).

Aos mais atentos já é sabido que a série é cheia de metáforas e analogias, porém esse, para mim foi um dos melhores, principalmente por ver um incrível diálogo com Hermann Hesse, um dos meus autores preferidos.h-um

Assim como no livro O lobo da estepe de Hermann Hesse, temos nesse episódio, um personagem (Morgan) com convicções estabelecidas, que ao se chocar com uma nova realidade se sente perdido nessa nova condição.

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Assim, ele se vê acoado, um intruso na nova realidade, o qual vê apenas um saída para sobreviver, despertar em si seu lado mais primitivo, seu lobo interior.

Deixando de lado tudo que aprendera, ele usa da autodefesa física como uma couraça de sob

revivência, e mata a todos sem distinção, pois é assim que seu lado mais primitivo lhe guia para o seu objetivo.

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Sua libertação veio através de um longo diálogo com o personagem Eastman (Psiquiatra que ele encontra numa cabana), do qual vemos claramente referências a Reich, Freud e Hermann Hesse.

Aos poucos, Morgan percebe que suas limitações só existem devido a seus próprios sentimentos internos, onde suas correntes que o prendiam, na verdade eram correntes imaginárias criadas por sua mente como um sistema de proteção.

couraçaTodos temos um lobo dentro de si, porém devemos domesticá-lo para só emergir quando for necessário.

Atravessando as portas imaginárias é que podemos traçar nossos caminhos e definir quem somos, porém, se não nos despedaçarmos de nossos conceitos e refazê-los a todo instante, entraremos e sairemos pela mesma porta num looping infinito onde sempre estaremos no mesmo lugar.

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